Palavra não é letra, é comando: verbo

Viver comer e foder palavras, nelas fazer ninho, tecer carinho. Amarrar-se, amar e emaranhar-se nos sargaços para chegar à praia e salvar-se...

Embrenhar-se na selva dos dicionários, nos significados vários. O que ficou pra trás, passo, laço da entrelinha, armadilha, linha de pegar peixe e gente, de repente anzol...

Inventar e inverte mundos, o oriundo e o pós-futuro. Viver comer e foder palavras. Fazer rimas como quem se une ao outro ou quem constrói um muro entre...

Concreto e argamassa, palavras fortes, bocas e gostos diferentes, de repente, um sabor só. Saliva e gozo. Urros e desejos, beijo e boca. Tudo num só enredo, sujeitos e predicados, pecado e perdão...

Assim, tentar viver entre uma palavra e outra, um apocalipse a cada segundo, a cada dia o mesmo sol, a mesma lua, embora outra face, outro lado...

Animal que rasteje e voa, entre a loa e a rima e o mote, um bote no universo, vou. Verso, que é mais que letra.É o que comanda. Verbo.