VOCÊ ME DEU TEU CORPO PARA PLANTIO

Você meu deu o teu corpo como se fosse terra, para nele me plantar e deitar um fruto, a isso chamei de desfrute, prazer com conseqüência, amor.

Depois me deu a mão e fomos pelo mundo sem medo, pela noite, pela cidade, pela estrada, traçando um enredo comum, afastando medos e receios.

Ainda meio trôpego fui acendendo lâmpadas e rosas, abrindo vitrôs e cortinas. Mas, confesso, me desalinhei um pouco e sonhei coisas estranhas.

Mesmo assim, segui pelas beiradas do mundo, escapando do pesadelo pela fresta do sol, desviando dos raios. No meio da tempestade abri o guarda-sol.

Você me deixou otimista, e eu sei que tudo é pedra e deserto, mas tenho água, fruto e sementes, dentes e rimas, faca, norte e a fragilidade dos fortes.