DEPRESSÃO

* * *

Neste momento, na minha cabeça só há merda!

Sim, merda!...

Daquela merda mais nojenta e inútil, que não seca e também não chega a decompor-se, pois assim talvez ainda servisse para adubar as minhas ideias.

Mas estas débeis ideias negam-se a brilhar e tornam-se, elas próprias, porcaria da mais improfícua e banal.

Bem tento pegar na caneta e no papel e dar vida às palavras, mas estas recusam-se a pactuar com tal indignidade.

No ar pululam moscas sôfregas atraídas pelo odor do dejecto nauseabundo – para elas, perfume! – que proliFERA olhos vistos.

E eu que detesto imundice e moscas, digo mal da minha vida e amaldiçoo o mundo, e todos os homens, e todos os seres vivos, e o sol e o mar, e a terra que me há-de comer.

Um dia destes – amanhã talvez ou hoje ainda – hei-de arrepender-me dos meus impropérios e acabarei de joelhos a pedir perdão ao Criador – o Bom Criador, que tantos erros me têm perdoado.

Até lá, a minha cabeça continuará despida de ideias válidas e a transbordar de porcaria fétida e improfícua…

Por isso tapem o nariz e aguentem o pivete conforme queiram e possam, ou então partam para longínquo porto.

Para já – e enquanto as ideias dormem – é hora da merda reinar!...

07.10.2009, NelSom Brio

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 10/10/2009
Reeditado em 11/10/2009
Código do texto: T1858593
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