MUITO ALÉM DO CORAÇÃO...

Dizem que o coração é terra que ninguém anda

Que o ódio é sentimento que nunca falha

E que o amor é ave patética – prisioneira dos apaixonados!

Dizem! Mas não concordo de prima

Até porque o amor e o coração

Não se prendem a nenhuma masmorra humana

Enquanto que o ódio sim!

Falando de coração:

Como pode o coração ser terra que ninguém pisa

Se os nossos sentimentos são aguçados mediante

A prévia benção deste pequeno grande órgão

Que suporta dentro de si todos os nossos ódios e desamores?

Como pode o coração ser tachado de terra estranha

Se seus caminhos nos levam a lugares nunca idos

E que propicia ao verdadeiro amor colher frutos silvestres

Sem nunca ter que encarar o terrível rei leão?

Defino cada coração humano como uma ave noturna

Que de dia - adormece e nos faz sonhar

E de noite - acorda e sai a cata de novos amores

Entendo assim: o meu e o seu coração é pedra de polir firmamento

Que sendo amado realiza-se no peito

E sendo amordaçado se reluz nas intempéries da vida

Falando de ódio:

Como pode o ser humano ser dotado de tal sentimento vil

Que sendo escória se empobrece n’alma e sendo grão de Mostarda seca

Engrandece-se no morrer da aurora?

Como pode o ódio agigantar-se no cerne humano

Se sua altivez consiste em implantar a vil fraqueza

Dentro do coração de que tem o poder de propiciar-nos o bem?

Como pode o sentimento odioso encalhar-se justamente

No mais sagrado objeto carnal que um ser humano

Pode conter dentro de si?

Defino cada ódio humano como uma faca afiada

Que de dia – amola-se na lima da ganância

E de noite – enfia-se na língua insossa dos nossos pensamentos

Entendo assim:

O nosso ódio é serra de cortar sentimento

Que sendo aguado na fraqueza de espírito realiza-se na matéria

E não sendo reprimido na matéria flameja-se no espírito

Agora falando de amor:

Ah! O amor!... Esse desconhecido!...

Que dizer desse diamante lapidado que nos une e nos faz viver?

Ah! O Amor!... Generoso irmão mais velho!

Como estão te desprezando em nome de um cálice

Que não te pertence!

Que palavras os poetas usarão para definir-te

Já que tu que és o imperador da verdade e hás de reinar para sempre

No coração do ser humano?

Entendo assim:

O amor precisa ser ilimitado para ser possuído

Visto que mais bem-aventurada coisa que brota do amor

É dar amor do que receber.

Mesmo com toda iniqüidade presente no coração do homem

Resta-nos gritar bem alto:

Ó amor! Quão grande diamante verdadeiro nos és!

Quantos crimes ainda serão cometidos em teu nome!

Quantos ainda hão de cometer tal pecado?

Segundo a vontade inteligente do Criador

O homem pelo amor modifica

A face da terra e o curso da história

Defino o amor como a parábola de um sonhador

Que mesmo sem conhecer os mistérios da vida

Não se acovarda em desvendá-los.

E o Dalai Lama vai longe

Quando diz que o homem pelo amor vence o mundo

E a sua conquista vai

Muito além do coração!...

Benny Franklin
Enviado por Benny Franklin em 06/07/2006
Reeditado em 20/07/2006
Código do texto: T188627