Vida repaginada ou customizada??

Meu coração desarmado abre-se ao meio em festa. O tempo revestiu sua entranhas com a maciez da calma, com a fina seda tecida pela compreensão e aveludada pela maturidade. Seu pulsar dança na cadência de novo olhar o viver. Seus rios vermelhos percorrem o leito latente, pronto a se banhar pela hemorragia bendita a desaguar correnteza abaixo em busca das várias silhuetas do amar. Às suas margens pulsa o útero aquecido pelo viver cinquentão, rejuvenescido, entumescido por escancarada alegria nascida de uma nova vida. Redemoinhos fluvias engolem em rodopios lágrimas, desilusões, depressões. São escafandros que agora habitam o umbral das profundezas do que já não vive, não respira mais, do que não vale mais à pena, do que tornou-se fantasma de outrora vida, hoje morta e que, enfim, não volta mais.Em seu lugar, nasce o útero da vida madura jovialmente pronta a dividir, a arrombar o ventre de onde verterão amor, tesão, afeto. Imenso leque que estenderá as artérias do coração a vários viveres: viver-amante, viver-companheiro, viver-amigo, viver-irmão, viver-pai, todos nadando em correntezas aórticas paralelas, mas que tecerão, no infinito, imenso tapete com fios de luz e prata a abrir régia passagem para uma nova, customizada e repaginada vida.