O SOM DO SAX

O SOM DO SAX

Paulo S. M. Carneiro - São Paulo, SP

05.03. 06/12.06.06

Na madrugada ouço o som que vem do sax...

Se houvesse mar sob as minhas janelas sei que as ondas viriam quietinhas debaixo delas, ouvir o som que vem do sax.

A melodia invade a noite e a noite se aquieta querendo ouvir o som. Atrás do som, está o sinuoso sax.

A inspiração percorre o coração do artista, que se deixa balançar em acordes lentos, levando ao peito inflado e aos lábios atentos, a doce melodia que ao sax cabe arranjar.

Outros ouvidos transportam as notas delicadas, fazendo vibrar as cordas de seus corações adormecidos que, como o meu, despertam sob o som do sax.

Todos os que ouvem enternecidos, compartilham o som e o sentimento, que o coração do artista intuiu, quando a inspiração se lhe encontrou abrigo e o sax ajudou a propagar.

Notas da canção cintilam no sal do mar que jorra lentamente de meu olhar - janela que se abre para o som do sax navegar.

Na madrugada a melodia vem em ondas pela noite. Chega misturado de saudade o lamento do som que percorreu o coração do sax.

O vento balança as folhas dos pinheiros no quintal ao lado. E na neblina, brilhando sob a luz da rua, no pedaço onde uma parte do quintal confunde-se com a lua, o som do sax se desvia em direção do pulsar da última estrela.

O sol encontra a lua já em fim de madrugada. O sax pode enfim dormir...

Em cada corda, de cada coração que ouviu o sax, um pedaço do poema ainda vibra.

Repercute durante todo o dia o som que a inspiração mandou ao artista e por ele fez vibrar o coração do sax... E, com ele, a própria vida.

Paulo Sergio Medeiros Carneiro
Enviado por Paulo Sergio Medeiros Carneiro em 14/09/2006
Código do texto: T239771
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