Cedo...

Pai, ta cedo!

Eu não sei a capital do Siri-Lanka...

Me conta de novo a história do avião que caiu nos Andes,

ou da cadelinha que entrou em órbita num satélite....

Me fala que um dia, quando eu for grande, e você velhinho,

todos andarão em carros voadores, e ninguém no mundo vai morrer.

Ta cedo, Pai...

Me fala das estrelas....

Daquela história de que a estrela se apagou

mas eu continuo a vê-la.

Me leva pra fazer cerca,

E me mostra a vaca que tem o chifre mole...

Ta cedo....

Tá cedo, Pai...

Eu ainda não sei tanta coisa...

Cresci e fiquei tão tola,

que parei de perguntar.

Vai chover, Pai.

Me leva no seu ombro?

Ou então apostamos corrida,

e você me deixa ganhar.

Me deixa te ver fazer barba,

e você passa a espuma em meu rosto,

pr'eu fazer barba de mentira...

Ta cedo, Pai...

Assobia uma música,

que eu fico te ouvindo de longe,

tentando fazer igual.

Ta cedo, Pai...

Faz de conta que sou pequena,

E você o homem mais lindo do mundo...

De óculos e chapéu preto,

montando a cavalo, num salto só.

Ta cedo, Pai... muito cedo...

Me deixa dizer que te amo,

que me orgulho de você.

Que sem você o mundo todo fica mais pobre....

E o meu mundo, muito mais triste.

Ta cedo, pai.... ta muito cedo....

(Luciana Rodrigues)

Cuiabá 16/08/2010 16:38