TODA INCERTEZA SERÁ CASTIGADA!

Qual das orquídeas selvagens

Nascida rainha oprimida nos campos e florestas sem fim,

Haveria de insurgir-se ante às covardes peripécias da natureza,

Cuja beleza transcende olhares e fomes?

Mesmo que dela provenha o poder do reprove humano,

Qual símbolo metafísico vindo dos altos penhascos divinos

Poderia fazê-la colar-se à vida para sobrepujar a dor de todo desamor?

É verdade, precisamos de esperança; agir,

Viver sem esperança está além de nossas forças.

Porém, não precisamos de mais que esperança:

E não têm que nos dar mais que esperança.

Não necessitamos de certeza.

Pois ela já a habita em nosso cerne.

Mas, o que se dizer da incerteza que mora ao lado?

A incerteza, em particular, não deve ser um substituto,

Para os sonhos e para desejos infundados:

Não deve lembrar nem um bilhete de loteria nem uma apólice de seguros.

O elemento religioso da incerteza constitui idolatria, supertição.

Se pensarmos que a incerteza na vida progride,

Ou que estamos destinados a progredir sem ela,

Cometemos o mesmo erro

Daqueles que acreditam que a vida tem um sentido que poder ser

Descoberto nela e que não necessita der dado a ela.

Progredir com certeza na obtenção do êxito

É mover-se no sentido de alguma espécie de fim,

Na direção de um fim que existe para nós enquanto seres humanos.

A incerteza não pode fazer isso;

Só nós, os indivíduos humanos podem fazê-lo;

Podemos fazê-lo defendendo e fortalecendo as instituições democráticas

De que a liberdade – e com ela o progresso – depende.

E faremos muito melhor à medida

Que nos tornarmos mais completamente cônscios

Do fato de que o progresso da certeza fica por conta de nós mesmos,

De nossa vigilância, de nossos esforços,

Da clareza com concebemos nossos fins

E do realismo de sua escolha.

Porém, a indagação à vida, continua em alta...:

Qual das orquídeas selvagens

Nascida poesia oprimida nos rendez-vous e casernas afins,

Poderia insurgir-se galada ante as covardes violências da fome

Cuja beleza transcende olhares, gozares e homens?

Com um beijo o homem traiu o verbo;

Com um fato inusitado o homem mancha-se de sebo:

O que mais matar em nome do amor?

Resta senão convivermos com a flor do destino,

Já que, os destinos incertos da vida sejam da natureza, sejam da história,

Não podem tomar a decisão por nós,

Não podem determinar os fins que iremos escolher.

Somos nós que damos propósito e sentido à natureza e à vida.

Nós, seres humanos, não somos iguais,

Mas podemos decidir lutar por direitos iguais.

As instituições humanas como o Estado não são racionais,

Mas podemos decidir lutar para torná-las mais racionais.

Nós mesmos e nossa linguagem ordinária somos, no todo,

Emocionais em vez de racionais, tornar um pouco mais racionais.

E podemos nos treinar para usarmos nossa linguagem

Como instrumento não de auto-expressão

(como nossos professores românticos diriam)

Mas de comunicação racional.

Depende de nós decidirmos qual será

Nosso propósito na vida, determinar nossos fins.

Ao invés de nos arvorarmos em profetas,

Temos que nos tornar os forjadores de nosso próprio destino.

Temos que aprender a fazer as coisas o melhor possível

E a estar atentos aos nossos erros.

E quando tivermos abandonado a idéia de que a história do poder

É que nos julgará, quando estivermos deixados de nos preocupar,

Se a historia irá nos justificar ou não,

Então um dia talvez,

Possamos conseguir derrotar o poder da incerteza.

Dessa forma, somente dessa forma,

Poderemos até justificar a história;

Por nossa vez, sem medo de ser feliz,

Ela precisa muito mesmo de uma justificação.

Blog Colaborativo:

http://www.overmundo.com.br/perfis/benny-franklin

Benny Franklin
Enviado por Benny Franklin em 22/09/2006
Reeditado em 26/10/2007
Código do texto: T246494