Noite mágica

Depois de um relato de um amigo, há algum tempo, convenci-me de que existem noites mágicas.

Contou-me ele que, certa noite, encontrou um amor do passado e que haviam ido a um bar, lugar que costumavam frequentar antigamente. Conversaram. Ela lhe disse que estava cursando filosofia, o que o deixou contente, porque era sobre filosofia – e rockn’roll - que eles mais conversavam, quando estavam juntos. Mas o tempo, velho inimigo dos bons momentos, passou rápido demais, e o bar acabou fechando.

Foram, então, para uma boate. Naquele momento, começou a magia. Pela primeira vez, preocupou-se em não se embriagar. Ele queria estar sóbrio para não errar nenhum passo daquela noite.

Ficaram em uma mesa até que chegou o momento em que a convidou para dançar; toques sutis, cheiro, olhares, luz, música, excitação...

Estava pronto o momento mágico - loucura, frenesi, desejo. Era uma mistura de sensações que não os deixava distinguir se eram de prazer ou pecado, apenas se deixavam levar. Não sabiam se para o céu ou para o inferno.

Então tudo se concretizou. O momento cristalizou-se. Naquele instante, o que queriam era não mais sair daquele aconchego. Com um abraço forte, ela disse:

- Passe o tempo que passar, vou te esperar. Volta logo.

E saíram.

Na rua, foram poucas as palavras. Ela pegou um táxi e lhe acenou pelo vidro traseiro, com um olhar de adeus. Ele ficou na calçada.

Nunca mais se viram. Mas aquela noite fora mágica, porque, mesmo que não tenha tido o final sonhado, esse amor verdadeiro, ele o leva no peito sofredor. Quem sabe, algum dia possa usufruí-lo em uma outra noite mágica.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 17/03/2011
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