ANOS 70
Vi a multidão ser atacada a cavalo e cassetete,
Uma mulher cair e ser espancada,
Dos prédios, papel picado descia.
Alguém do alto aplaudiu.
Era no Centro de São Paulo, Praça da Sé,
E eu estava lá.
Era só um estudante achando que o Brasil tinha conserto.
Vieram as bombas e a igreja abriu sua porta central.
Salve Dom Paulo Evaristo Arns,
Pai dos pobres e excluídos.
Ribombaram tiros, gritos aflitos, gás lacrimogêneo...
E eu, quase criança, corria da Polícia.
Escapei pela Rua Conselheiro Furtado,
Com outros dois jovens
E cai na Liberdade.
Um longo caminho.
Eu vi, eu estava lá, fazendo número, fazendo coro,
Gritando contra o poder:
Abaixo a ditadura militar.
Escrevia com vida, rebeldia lágrimas
E coragem.
Fazia história e nem sabia.
..
Da série Nostalgia Explícita, escrita na época.