ARTE NO CAOS (ensaio geral para o Dia da Arte)

A gente está aqui reunida por causa da vida, da arte, da alegria e da resposta que se busca quando se tem a chama acessa da inconformidade – a que difere da idéia padronizada, estanque. Quando se pensa diferente e oposto à uniformização dos atos, banalização da criação, divisão das pessoas em seitas, em crenças, em doenças, em armários e gavetas.

Partida, repartida: partidos. A gente é íntegra e ciente e está reunida com a consciência de que precisa mudar móveis pesados e tirar do lugar paquidérmicas idéias. Tudo com poucas forças, mínimas-concentradas, dispersas-unificadas, disformes-unidas. Juntar o feixe, fazer a roda. Da poeira, tijolo; da água, monjolo, energia, química e magia todo dia.

Para isso a gente insiste, resiste, abre mão, faz aliança, avança, se molda, mistura-se, abre espaço ao avesso, ao diferente, aceita acordos etc. e tal, mas não se vende. A mente que pensa, sempre acende um alerta quando princípios são pisados, deixado de lado o que foi sacramentado. Aí é que fala a arte, que não se subjuga. Contra a farsa, mostra-se nua; ao ato burocrata reage com horizontes largos. A arte não se enlaça, vai além da palavra discurso.

Por isso a gente reitera aqui: Só fica inteiro quem se reconstrói todo dia e busca o íntegro no desalinho, o reto no trôpego, o despojo no farto, o culto no bruto, a arte no caos.