O que fazer com tantas palavras?

desisti de organizar

meu ditos

e escritos

meus gritos silenciados no papel

agora na tela

é tanta palavra

perdida entre poeiras

tanta bobeira

alguns achados

entre perdidos vários

já não tenho pressa

pra conquistas

um dia me basta

que o pedreiro termine o piso

já me satisfaz

já não me apraz os protestos

parecem choradeira

demasiados lamentos

já não tento

chegar a tempo

chego no momento já

como diz Clarice

e é esse o tempo exato

quando a roda toca o chão

isso é o presente

o relógio que se dane

que entre em pane

e derreta

como numa tela de Dali

eu não tô nem aí pro que é exato

nem quero ir pro mato

sou do asfalto

confesso

nem de praia eu gosto

mas isso nada tem a ver

o que me perturba no momento

é o que fazer

com tantos escritos

se a musa não os lê

não vou fazer livro

nenhum sarau

é esse papo extenso

sem nexo

um lero infindo

um repente solitário

um rolo de novelo infindo...

vou ficando

por aqui

boa noite e até já.