APOLOGIA DO AZUL

É a distância que azula o céu, as montanhas e ganha espelho no mar. Também azula o paneta em que vivemos, quando visto ao longe.

A distância é bela exatamente por ser distância. Por não estar ao alcance de nossas mãos. Ela sempre há de azular o sonho; a saudade; a poesia; o futuro desejado; a esperança mais dispersa.

Agora já sei por que nos depreciamos tanto. Por que nosso amor é tão agressivo e saturado na presença, mas ganha doçura e nostalgia quando estamos ausentes. Por isso a volta constante. A reconciliação.

O azul dá suporte à ilusão; à fantasia. É a cor da beleza, mesmo do que não é belo. É a natureza do abstrato; a roupa do que não é corpo.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 27/09/2011
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