UM ANO NOVO, SEM NENHUMA RASURA, À FRENTE
Um ano novo está aí, todinho pra cada um.
Como um novo caderno, sem nenhuma linha escrita, nenhuma tinta pingada. Nenhuma rasura ou rascunho; telefone anotado às pressas; nada de poesia nos cantos. Ainda sem aqueles garranchos indecifráveis, apressados.
A agenda vazia aguarda o primeiro dia, como se o sol fosse outro, o vento mais brando e as canções mais suáveis.
Um ano novo está aí, de novo à porta, sem nenhuma morte, ainda; nenhum homem-bomba, nenhum estilhaço humano. Sem sangue, sem crianças fazendo malabares nos semáforos por um troco.
Sem males, sem doenças, sem nenhum escândalo político, mas certamente já escrito e planejado. Infelizmente, isto é o mais previsível.
Um ano novo está aí, e é só uma esperança, ainda, uma promessa, mas que depende tanto de tantos movimentos estrelares, de tantos nascimentos e mortes ate lá. E de tantas folhas caídas ainda.
Quem sabe uma nova estrela nasça até o dia 31.
Um ano novo se projeta e todo mundo pode, em tese, pisá-lo com o pé direito (ou esquerdo, de acordo com a convicção de cada um), com o corpo inteiro, como quem entra numa chuva de verão.
Benfazejo, que seja. Terra firme para se correr e brincar, sem medos, com alegria e firmeza. Um novo enredo a ser escrito com vida e vontade. Inteiro e não metade.
Para ser feito com ponderação ou radicalizando. Quiçá sorrindo e cantando.
Um ano novo à frente e todinho para cada um. Ele está aí. Que seja de paz para todos.
Isto é um desejo, uma oração de coração.
Amem. Amém!