Estranha

À sombra do promontório sobre o calçadão da "princesinha do mar", desfila "donna delle", guarnecida por pequenos panos aderentes que mais se aproximam de um "voile" em ocre, encalçada em um mule em tom de azul cobalto sob o lustre de cera de abelha, seus quadris mais se parecem com duas arandelas margeadas com uma suave e aprazível ginga. A mente reproduz sempre a mesma cena após o último passo, chego a suar pura libido. Vê-la passarelar, afinal, passa a ser vício.

O céu, azul anil, tornar-se um dossel e tenra imagem; pombos em branco gelo embalam uma abstrata paisagem em gentil vermelho "persimmon".

Sua inércia soa inóspita, congela as articulações e o raciocínio.

Desencorajado, minha obrigação foca-se apenas em contemplá-la, é inevitável...

Sua cândida beleza pedala sob os calibres afetuosos e mais precisos dos fenótipos femininos, trata-se de uma brasileira, é indubitável.

O coração dispara, o compasso dos batimentos se atrapalham, as veias se entremeiam, minha mente paira sob um relicário - o seu corpo.

Cada um de seus cabelos representam a proficiência tenaz de bailarinas, eles dançam para cá e para lá, vigorando meus devaneios.

Convalesço, enfim, de uma "patologia", a paixão, e ao primeiro sinal... prostrei-me, de corpo e alma, sem relutância, desobstinado... é, por derradeiro, a cura.

Leio seus olhos aos meus, faço os passos, migra o desejo, habituamos nossas bocas a um sincrônico nado, o beijo no céu do paraíso.