Entre gotas e anjos
Eu era um garoto sem medo caminhando descalço na chuva
Tentando falar com Deus, que estava me ouvindo, mas não me respondia
Perguntei para a chuva então, por que tudo aquilo acontecia?
Porque suas águas não molhavam quem não a temia!
Ela suspirou um relâmpago, e disse que logo mais eu entenderia
Então em meus olhos, cai uma gota doce de amor
Que me arrancou lagrimas de revolta e de dor
E então a chuva começa a me atingir,
Fazendo-me ajoelhar no chão e gritar com medo
Do que ainda estaria por vir.
Meu corpo molhado e minha força revogada
Eu estava chorando mudo para evitar usar palavras
Então com ventos leves ela sussurra em meu ouvido
Que foi a lagrima de um anjo que havia me atingido
Eu perguntei a chuva, onde os anjos choram?
Ela me disse:
"Em uma nuvem escondida
Quando se lembram da humanidade que tiveram e foi perdida
Ajudam as pessoas a se lembrarem
Que o medo da morte só existe na vida
Mas não é mais forte que o amor que em ti habita
E não tema os fortes ventos
Suas sementes iram brotar a todo momento"
Então se abriu o sol
Meu coração se acalmou, não negava sua dor
A chuva se foi, e nada a segurou
E notei que quando a água toda secou
Parte de mim ela levou
(Em memórias de Maria Aparecida – Adorável Esposa, Mãe e Avó)