PRA DIZER QUE NÃO FALEI DAS FOLHAS

Tem dia que cai paralelepípedo

Do céu

O rio vira lama

Assim como a vida

Essa, às vezes, puta mundana se vende

E nos engana

Assim como quem ama

E ama tanto

Dane-se e se martiriza pela perfeição

Essa fruta que não existe

Tem dia que a primavera sopra folhas

Barco não navega

E avião afunda

O palhaço fica sem graça

A caça fica escassa

A roça não futrica

A luta e até a vitória soa vã

A nossa canção não toca mais no rádio

E nem pinta a rima e nem poesia

O tempo estanca derepente no lodo

E fica só a certeza: a de que nada é o que aparenta ser

E ninguém conhece ninguém.

Quem assim foi e assim seja por todo o sempre. Amém.