CENTO E VINTE MINUTOS DE POESIA (3)

[Uma viagem de duas horas, pelo meu eu poético!]

Abílio

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São 17,14 horas em Portugal!

E eu continuo aqui, com a caneta na mão e o papel em frente aguardando que minhas palavras lhe dêem vida e brilho.

Vou escrevendo sempre sem parar, porque assim entendi que assim deveria ser.

Não é fácil escrever, sem nenhuma ideia preconcebida, sem nada preparado.

Certamente não sairá daqui nada de especial…

As palavras escritas assim de forma um pouco avulsa, quase nunca são cuidadas, mas por outro lado talvez se consiga extrair o que de mais puro existe no interior do ser!...

Não há nada como o poeta abrir o coração e deixá-lo colocar cá fora o que tem de melhor.

Tudo isto porque nem sempre o poeta é um fingidor e existem momentos em que precisa de desabafar senão explode!

Abençoadas as explosões do poeta, pois são de amor!...

* * * * *

9

São 17,22 horas em Portugal!

Quem sou eu? O que faço aqui?

Perguntas que desde sempre bailam no espírito do ser humano.

Somos seres muito dados à curiosidade e tem sido ela que tem feito o Homem vencer – passo a passo – os mais duros caminhos.

Já percebemos que por cada resposta obtida, logo surgem muitas outras questões por resolver, como se a vida se tratasse de um insuperável circulo vicioso criado para eternizar o nosso labirinto.

No entanto o Homem não desiste e vai à luta, com renovada determinação, nem sempre usando os métodos mais sensatos!...

Vitória após vitória, lá aparecem sempre as ancestrais e insolúveis questões:

Quem sou eu?...

O que faço aqui?...

* * * * *

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São 17,34 horas em Portugal!

Jogo com o relógio uma partida com um vencedor anunciado!...

Não posso competir com o tempo…

Ninguém pode enfrentar e vencer o grande regulador da Vida!

Qualquer vitória minha será sempre efémera e inútil.

Vivemos uma experiência única, repletas de milagres e encantamentos.

Para onde quer que olhemos, poderemos – se assim o quisermos – testemunhar uma infindável lista de maravilhas, que vão sendo absorvidas pela vertigem desenfreada que é a existência humana.

Toda a Natureza segue uma lógica universal que nos escapa e que o tempo sabiamente administra.

O Tempo – na forma de um simples relógio – é o rosto visível da presença Divina!

E eu vou escrevendo – bem ou mal – até que o tempo o determine!...

* * * * *

11

São 17,43 horas em Portugal!

Este é um poema interminável!

Por todas e mais algumas razões, eu nunca o poderei dar por concluído.

A forma como foi começado – partindo de um desafio que impus a mim próprio para cento e vinte minutos de poesia consecutiva – não deixa de ser estimulante e original, e faz desta prosa poética, um modesto contributo de duas horas da minha vida que eu jamais poderei apagar.

Bem sei que a memória dos homens é curta, mas é importante que cada um de nós possua algo de seu, e apesar de o corpo sofredor um dia voltar ao pó, o espírito vai continuar a sua caminhada, levando com ele todos as sementes que plantou na Terra.

Este poema pode não dizer nada a mais ninguém, pode não viver em mais ninguém, mas viverá em mim eternamente!

Meu poema

- Bonito ou não –

Estás na minha mão

És o meu doce lema.

Escrevi-te

E vivi-te.

E assim

És parte de mim.

Entretanto

- Para minha alegria –

Voltarás a ser o canto,

Do meu encanto,

Dia após dia!

Moita, 26/02/2007

(Escrito entre as 16h e a 18h, num desafio que fiz a mim próprio: Estar 2 horas a escrever sem parar e sem tirar a caneta do papel - Apenas interrompido para assinalar as horas.)