DEMÔNIA

Teu semblante me ocupa feito vírus ou germe. Feito verme do espaço. Minhas entranhas te procuram, providas de uma lupa sensorial, mas escapas. Montas uma tocaia eficiente para me fazer escravo. Para me tornar uma cobaia dos teus instintos experimentais.

Ainda não sei me vasculhar por completo nessa busca. Por isso botas teus ovos, tuas larvas, aqueces teu ninho e ficas cada vez mais fértil. Fazes meus sentidos perderem todo o sentido de autodefesa. Por tua causa me traio, me pico, por ser a própria extensão da serpente que sai de ti.

É como se caísse um cisco venenoso em meus olhos. Não vejo mais nada fora de mim. A tua imagem se multiplica em minha mente, como se fosse lêndea... piolho... chato. Meu corpo virou teu antro... minh´alma, o teu inferno incondicional.

Parece que uma espécie de amônia ou enxofre me seduz, fazendo esquecer o resto. E assim largo tudo. E assim te sigo. És a minha demônia ensandecida, que me convence a tomar a cruz do desejo e me render aos excessos desta paixão.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 29/01/2014
Código do texto: T4669374
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