POESIA ACHADA

Passa o vento, tão suave, suavíssimo vento,

deixando-me o aroma delicioso das flores silvestres;

enquanto a minha alma se encanta

com a serenidade da manhã,

que se inicia plena da luminosidade solar,

saudando genuinamente a espirituosa natureza.

Ó esse vento, ainda passando tão suavíssimo,

deixando-me lembranças fraternas de um tempo passado;

sinto o cheiro saudosista dessas lembranças,

adentrando em minhas narinas salientes;

indo logo alojar-se no fundo de outro ser distinto,

que habita momentâneo nesse vaso corpóreo

já um tanto gasto, mas que ainda absorve

os resquícios remanescentes de um tempo existencial,

anteriormente vivenciado por minha alma.

Sinto que há também nesse vento,

fragmentos invisíveis de minha vida espiritual vindoura;

a minha vida espiritual latente no vento que passa,

no podendo, entretanto, ainda sê-me de todo revelada;

mas apreendo um pouco do que ainda vou vivenciar,

em minhas futuras jornadas reencarnatórias.

No interior do vento, uma parte de minha alma

não dorme; e segue desperta ao meu porvir

espiritual; e de lá vai ficar na espera do todo

dela, que ainda está alojada na massa corpórea;

enquanto as sobras do vento que suave passa,

varre com delicadeza as folhas caídas das árvores,

entrevejo o que fui em meu passado experimental

de alma aprendiz, e agora resgato em meu presente

existencial, um tanto das impurezas acumuladas,

que alivia o peso da bagagem impura que a minha

alma ainda carrega, para que haja menos sobrecarrego

dos infortúnios, que impedem-na de progredir livre,

pelas sendas luminosas da vida moral superior.

Enquanto contemplo abstraído um rebanho

de carneiros e ovelhas, que descem desembestados

pela encosta íngreme, para descansarem

em meio a planície dos prados verdejantes,

e um bando de garças brancas viajam

mais ao longe, em voos rasantes por sobre

as águas mansas do rio, cujo destino é o pouso

nas árvores frondosas que as esperam

nos boqueirões fundos, onde a noite já chega

com antecedência, para nelas se resguardarem

calmas e pacientes à espera do sono habitual;

e para que possam em perispírito, temporariamente,

desprender-se dos corpos físicos alados,

num voo fraterno de visita às suas aves irmãs

já desencarnadas; a minha alma também

se compraz com esses instantes sublimes

de contemplação das coisas naturais

por Deus criadas; e está prestes, ( como

os carneiros e ovelhas, como as garças

brancas, como o sol, que já almeja

iluminar o outro lado do nosso planeta,

como o vento suave que passou,

e já vai longe levando com ele uma parte

de minha alma futurista ), em recolher-se

junto com o meu corpo físico, e deixá-lo

inerte ensaiando a própria morte;

para que a minha alma possa,

perispiritualmente, adentrar no espaço

espiritual, para fazer o que ela mais gosta:

auxiliar como socorrista, as almas

que desencarnam em sofrimento,

trazendo-lhes o precioso conforto

espiritual de que tanto necessitam,

nas primeiras horas de desenlace

corpóreo, transportando-as a uma

colônia hospitaleira mais próxima,

para depois, quem sabe, visitar a lua,

alguma estrela, contemplar a Terra,

vista espiritualmente do Lar Eterno

de Deus, o Universo; em seguida

retornar ao meu corpo físico,

para cumprir com a sua jornada

reencarnatória, no intento edificante

de continuar trilhando pelas sendas

luminosas que me conduzam no porvir,

à próxima etapa moral regenerativa.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 29/07/2014
Código do texto: T4900918
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