DÉCIMAS A O SAUDOSO REPENTISTA JOÃO PARAIBANO

O destino resoluto

Tramara sinistro plano

Chamou João Paraibano

Um repentista impoluto

Poeta de estilo enxuto

E cantador comovente

Conquistava nossa gente

Com o dom que Deus lhe deu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

João Pereira da Luz

Era o nome puritano

Deste João paraibano

Repentista que fez jus

Com seu espírito de luz

Fizera verso virente

E como vate prudente

Ao mundo surpreendeu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Filho nato de princesa

Reduto paraibano

No sertão pernambucano

Cantava com gentileza

Nunca faltara grandeza

No seu verso transcendente

Como bardo competente

Nenhum outro lhe venceu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

No cenário da viola

Nunca temera a ninguém

Doutrinava muito bem

Sua verdadeira escola

Tinha o mundo na cachola

E falava facilmente

Até mesmo um ser descrente

Gostava do verso seu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Sessenta e cinco de idade

Tinha o grande travador

Repentista e cantador

E gênio da humanidade

Com muita simplicidade

Falava do mais carente

E pregava abertamente

A vinda do Galileu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Um cidadão generoso

E também famoso aêdo

Cantou com Jorge Macedo

Com Moacir e Cardoso

Como vate talentoso

Cantava em todo ambiente

Eu penso que muita gente

Ao seu talento temeu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

A morte dura e cruel

Com seu carisma perverso

Apagara a luz do verso

Deste grande menestrel

Um repentista fiel

Um poeta transparente

Que falava sabiamente

Em tudo quanto aprendeu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Nosso poeta inconteste

Cantava com ironia

A sua filosofia

Falava tão bem do agreste

Esse filho do nordeste

Pereceu de um acidente

Que aconteceu bruscamente

No lugar onde nasceu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Nosso vate nordestino

Como famoso poeta

Numa linguagem discreta

Fez repente genuíno

Cantava pro campesino

Seu trocadilho decente

Falava do presidente

Do matuto e do plebeu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Chora família enlutada

Pela perca irreparável

Do poeta formidável

Que fez repente e toada

Uma verve consagrada

Um menestrel consistente

Um gênio polivalente

Um segrel que transcendeu

Nossa viola perdeu

Mais um mestre do repente

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 15/09/2014
Reeditado em 16/09/2014
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