Versos que não interessam

Não vou recuar um milímetro da loucura, um litro sequer vazará da minha maré. Crio e se isto é pouco, foda-se, é meu casulo, morada. Já sei fazer meu tacape e ir à luta, trincar as pedras e fazer fogo.

Se for mínima a centelha, dela terei que fazer minha estrela e pólvora para o combate, fogo para o alimento. Recuar? Só se for para recolher os amigos, os feridos Não haverá abandono no meu abrigo.

Com meus parcos recursos é que invento caminho e faço chover na minha sede. No quintal plantarei milho e farei o abrigo. Neste espaço amarei e criarei minha tribo. Não há obstáculos à minha vontade

Eruditos, gente bem formada, ETs e tecnologia, poesia perfeita, gente branca, escorreita, linda, faceira - desconsidero. Pondero. Da fragilidade faço a força motriz. É torto. É assim que sou.

Tire os olhos grandes de mim, senhores e vassalos. Na minha parte não. Não estenderei a mão à benção vossa. Não recuo de onde sou, nem o pássaro do vôo ou o peixe da água.

Se o ar for restrito, vou até o vale, pelo abismo, onde habito e onde faço ninho e o rito. Sei que enfio os pés pelas mãos e o que eu digo interessa a poucos, mas é o que eu me peço e dito. Vai em frente.

Corro risco do erro, mas se não revelo não me conserto, se não jogo o balde como vou saber a fundura do poço? Sei! Nem morro e urubus já rezam em círculo. Tudo certo: um erro pelo avesso e quase o certo.

Complexo ou raso. Penso vivamente e me marco com ferro. Eu mesmo me firo de medo e faço meu enredo no escuro, até que amanheça. Sigo. Pinto na pedra da caverna meus bichos. Em vermelho, não nego.