A mocinha da fazenda vivia dia e noite em seu alpendre colorido, cheio de lindas flores e perfumes variados que a faziam levitar ao paraíso quando a brisa os espargia. Chegavam de todos os lados, invadindo sua alma com odores impossíveis de serem descritos. Ali era feliz e sem preocupações, podia sonhar sempre, ficar em paz, esperando, nem imaginava o que. À noite, via em cada estrela do céu uma luz a piscar-lhe diferente, como se com ela quisesse falar, mandar-lhe os recados que ansiava e nem sabia quais poderiam ser. Era um sentimento estranho, um presságio, um toque de que algo mais existia e não se revelara ainda. Tinha a sua preferida, uma estrelinha especial, com a qual dialogava em horas quietas e mornas, perguntando de amores. Poderia ter algum? Não obteve respostas e calou. Tempos depois, o que julgou ser amor quando este aconteceu foi apenas uma estrela cadente que riscou seu coração, rápida e bela, mas efêmera demais.
Um dia, repentinamente , cansada dos devaneios, sentiu que o tão sonhado e verdadeiro amor poderia não existir. Desiludiu-se antes mesmo de o vivenciar como sonhava e jurou então, sob a luz do luar e das miríades, que nunca mais ficaria à espera do que seu coração mandasse. Queria ser livre, nunca sofrer por sentimentos. Continuou em seu alpendre colorido, sol ou chuva, nuvens e estrelas. Foi crescendo e passou a divagar poesia e fazer canção naquele universo de sua alma rica e colorida, cheia de nuances belas, mas frágeis como as cores de arco íris. No fundo de seu coração, porém, sempre ficou e ainda há uma pequena parte de sua criança, à espera de um presente, mas que não pede, não compra, nem mais procura. Sabe apenas que existe e é belo.


27/10/14


 
Não confunda personagem com o autor, embora algumas nuances leves hajam deste. São fases do teatro da vida, depois cenas mudam e mudam, mudam ...
 

 
Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 27/10/2014
Reeditado em 13/01/2016
Código do texto: T5013922
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