Vagarosamente a tarde começa sua despedida e leva os últimos raios de sol com ela para outro lugar do planeta. Aves voltam aos seus ninhos em revoadas quase silenciosas, pessoas que terminaram o trabalho diário retornam cansadas para o repouso merecido, estrelas começam a apontar na imensidão, onde ao lado da lua cheia serão luzes de inspiração aos poetas. A tarde vai embora, nem perguntou se poderia e deixa um vazio, uma saudade no ar. Amanhã será novo dia, outra tarde virá e o tempo é quem manda nesses fenômenos naturais. Sabemos todos que nós vamos também, entardecemos e amnhecemos, quase sem notar esse tempo que nos abraça e não dá pausa. Todos os dias, enquanto vivermos, tardes nos encantarão ou só poucas pessoas percebem essa magia que há no ar? Uma alquimia muito sutil faz-se na hora do Angelus, um instante que gostaria de ver: o momento exato da entrada das sombras noturnas que apagam a visão de toda claridade natural existente. È quase imperceptível isso tudo e por mais atenção que se dê ao momento quando vemos já é noite. O manto dela, bordadinho de estrelas nos acoberta e leva a querer aconchego. Noites assim foram feitas para descanso, sonhos, amor. Tudo tem ritmo no Universo, dentro e fora de nós, sigamos então a balada do dia, vamos com ele viajando e entregando corpo e alma a quem nos dá tudo isso e mais, a oportunidade de agradecer por mais esse tempo em que olhamos com satisfação a beleza de tudo. Se a tarde deita, como se diz, não sei. Apenas entendo que encanta e vem chegando em carinho, como se fosse aquele amor distante e saudoso, que com receio de assustar-nos vai aproximando-se para fazer uma surpresa e dele sentimos o perfume. Aí o reconhecemos e com satisfação vem um grande enlaço, como se aquilo tivesse de acontecer e é sempre bom.

17/07/16



https://www.youtube.com/watch?v=y2_eY12Xrac
Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 17/08/2016
Código do texto: T5731425
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