Mágoas só para a noite
Eu não vou chorar
Porque ainda é dia.
E o sol, cansado, mais brilha.
As ondas batem forte na beira mar e os animais
procuram seus ninhos.
Os pescadores, uns chegam, outros saem.
As pessoas, algumas passeiam,
Outras voltam para o seu lar.
E, eu. Não vou chorar.
Não enquanto puder ver tanta vida.
Mas, a noite, a noite está próxima.
Quando o sol se por e a noite chegar,
As ondas ficarem calmas,
Os pássaros não mais cantarem,
Ninguém passar a beira mar.
Quando a noite chegar,
Talvez só a lua verá.
Mas, eu vou chorar.
Chorar este pranto.
As lágrimas se misturando com as ondas,
Minha insegurança com o escuro da noite,
Quando tudo for turvo:
Meus caminhos,
Minhas ideias,
Meus horizontes,
Igual a noite.
Eu vou chorar, chorar, chorar.
Deixar que recaia sobre mim tudo que me machuca, me maltrata e
Me faz gostar da noite, odiar a noite
E, esconder dentro da noite esta dor.
A noite torna-se uma poesia de desabafo.
Tão longa, pois demora a passar. Mas é do tamanho
Da minha dor.
Acabarei dormindo...
Quando acordar...
Talvez...
Estarei diferente.
Ao olhar para estas paisagens que não terão mais
As cores cinzentas da noite,
A luz, apagando o escuro da noite
Tirará toda má impressão que fiz da noite
O dia, por sua vez, sempre novo,
Trará para min outros sonhos...
Outras desilusões...
Então, procurarei novamente a noite,
Só para as mágoas.