O PESADELO ("acordei e me olhei no espelho ainda a tempo de ver meu sonho virar pesadelo." — Paulo Leminski)

Acordei neste domingo, envolto em nostalgia. A luz do sol é como sangue nobre envolvendo o meu corpo, prometendo um dia de paz. Porém, ainda não me sinto abençoado a esta altura da minha vida, onde as marés da prosperidade, fertilidade, felicidade e prazer não fluem abundantemente em harmonia. O pesadelo dessa noite não me assegura um começo de semana tranquilo.

O estranho sonho continuará a me atormentar. Lembro-me de um provérbio que diz: "Dentro de mim há dois cachorros: um cruel e malvado, o outro é bom. Eles estão sempre brigando. Aquele que eu alimento mais frequentemente é o que vence a briga."

Agora, acho melhor deixar essa batalha de cães ferozes para segunda-feira (esperando a realização do sonho que tive): o vira-lata, que saiu do lixão urinou um rio perto do muro que me separava dos predadores do lixão. O muro caiu! Assim que acordei, fui em busca de ajuda em um site de interpretação das cena oníricas. Agora, devo confessar que sinto a necessidade de contar que estou com medo. Nunca antes tive um sonho tão vívido e detalhado e 3D. O sonho revelou-me que os muros, ao meu redor, desmoronaram, ameaçando-me com miséria, sofrimento e perdas em geral. Será que isso significa que enfrentarei decepções, frustrações e falhas, e um período de má sorte? Será necessário abandonar algo em meu caminho que esteja desmoronando? Será uma profecia ruim falando do emprego, da família sem êxito, pessoas nocivas ao meu convívio ou até mesmo negócios e hábitos? O sonho me alertou e, então, dei uma ajudinha para o destino: Larguei a escola do município, ou melhor tirei uma licença por interesse particular.

Desperto novamente desse outro pesadelo, o que posso fazer? Ou, como Álvares de Azevedo apenas proclamar ao mundo minha liberdade ou minha miséria.

"Minha Desgraça":

Minha desgraça, não é ser poeta,

Nem ter um eco na terra de amor,

E meu anjo de Deus, meu planeta,

Tratar-me como a um boneco de dor...

Não é ter cotovelos rotos,

Ter um travesseiro de pedra dura...

Eu sei... O mundo é um pântano perdido,

Cujo sol (quem dera!) é a riqueza pura...

Minha desgraça, ó donzela pura,

O que faz meu peito blasfemar,

É escrever um poema com ternura,

Faltando um tostão para a luz iluminar.

Ao concluir esta crônica, pergunto a mim mesmo: Estarei curado das feridas psicológicas? Será que as pessoas irão me amar mais ou evitarão falar comigo, temendo minhas palavras ásperas e dolorosas? Não faço nem ideia, pois existem aqueles que nos deixam sangrando depois de proferirem suas palavras, enquanto outros nos encorajam e apoiam, Isso também é rotativo. Os sábios nos ensinam em suas próprias palavras: "Aquele que elogia o amigo à revelia estende uma rede aos seus passos" (Provérbios 29:5). E aquele que cava uma cova para o outro, nela cairá! Sou o cachorro bem alimentado que precisa vencer essa batalha!