Reflexos no espelho

Reflexos do espelho

Não tinha imagem.

Passava de relance, sem querer olhar. Era duro encarar o próprio ego. Não tinha nada a ver com os primeiros fios prateados. Nada de paz. Turbilhões, rebuliços.

Difícil foi olhar a cor prateada no sexo. Anos maduros pensei: Equilíbrio, Razão, Inteligência a La Goleman, fim da Síndrome de Gabriela, Complexo de Cinderela etc etc – anos 90.

Será? Quem vai saber? O psicólogo? O psiquiatra?

Tanto equilíbrio, não se precisa de nada para encarar. Ou quase nada, quem sabe uma dose, só para dormir.

Não tinha imagem...

A insônia tomava conta... aí saía os poemas mais loucos, sem lirismo, sem metáforas, sem rimas, sem sincronia, apenas poemas sem poesia. E aja paciência para ler.

Paciência, que o espelho não tem.

Desta vez, resolve até apagar a luz, para passar e ver somente reflexos no espelho. Ecos que saem do fundo, indolentes, lentos, quase rente á solidão e á noite gris.

Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?

Outra imagem...

Ao voltar da rua, naquela noite, não era a mesma. Nem as pernas, nem a cabeça, nem o sexo, nem tão quanto e nem tão pouco o olhar. Embora escuro, percebia-se o reluzir no espelho, a áurea estava ali, nítida, brilhante, que mesmo no escuro, como dizem os reikianos e os esotéricos, estava ali...

Resolvi acender a luz.