As horas

As horas aqui não passam nesse inferno sufocante e eu imploro por um milagre nessa fossa fedorenta. A ansiedade me devora e eu já me sinto tão pequeno, não consigo sentir nada além de aflição.

Acordei estressado, mau-humorado e querendo a destruição de todos os meus universos e me tornei tão imortal em mim mesmo que já não vejo nenhum fim.

A pedra pendurada em meu peito absorve energias ruins e agora me questiono se estou me sentindo fraco porque estou sendo absorvido. Eu quero mais é a transformação da minha mente, mas sinto que nenhuma alquimia é o suficiente.

Não quero me entregar ao pessimismo. O fatalismo é um amigo virulento, mas aqui não passam as horas, não passa sequer um vento. Minha mente tão ativa me implora um pouquinho de sossego e de cuidado. Eu lhe explico que não posso, pois não sei ficar estagnado. Minha mente então me sufoca, me aprisiona, me mata e me beija. Ressuscito conforme vosso desejo sendo toda essa euforia o estrago que meu peito almeja.

Quando se torna imortal na plenitude de ser infinito a autodestruição é um milagre. Não se pode destruir aquilo que morre e volta ainda mais forte. É preciso saber controlar o tempo, mas isso só se faz com paciência... coisa que não tenho.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 10/03/2020
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