Poeta bom é poeta morto
Aí o poeta canta as folhas da relva e louva a vida e a liberdade... Com música forte ele vem, com cornetas e tambores, e não toca hinos apenas aos vencedores consagrados, mas louva e faz hinos para os derrotados nas batalhas, dando vivas os que levaram a pior na guerra e tropeçaram na vida; e dá um salve aos heróis desconhecidos, que em suma são tão heróis quanto os reconhecidos.
Depois passa o chapéu na praça. - Quanto me dá pelo meu poema?
O que de bom grado me der, pelos meus poemas, aceito: alguma comida, abrigo, estadia, um pouco de dinheiro...
Mas, qual o que...
E o poeta segue sua sina, marcada pela pobreza dos últimos anos de vida, atenuada apenas pela ajuda de poucos amigos e admiradores.
Finalmente, tempos depois, a crítica descobre o grande poeta e lhe dá o título de: "O maior poeta da América".
Tudo bem, maravilhoso, pensou ele em sua cova em Camden (EUA) onde está deste 26 de março de 1892.
E eu sempre lhe dizia: Glórias tardias já vem frias.
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(texto: Célio Pires de Araujo, sobre Walt Whitman)