POEMA INSTANTÂNEO
estou numa luz muito clara, de azul roseado e barulhos festivos das gentes que se divertem além de minha janela No silêncio do meu estar as gentes e seus ruídos chegam-me apenas como sons circundantes ao leve precipitar-me no mundo em que estou Ouço e o meu ouvir é longínquo ... indeterminado ... habitante de uma região sem tempo e lugar Navego à tona disso ESPANTO Para além do meu espanto teus olhos vêm-me de antiguidades configuradas em mim
de precipícios fundos erguem-se meus verbos Uivam como o vento nas tempestades agitadas Adentro a forma audível do teu olhar O sopro da tua vida A tua pele gritante Lírios do campo tremulantes ao vento
entorno dos meus dedos a suma deste instante que flui de entre-nadas e a alma interior do mundo me salta vinda de ti