PASSADO IMPERFEITO

Vidas opostas, paixão abortada,caminhos desviados, um quase inicio de amor, de paixão!

Sinto saudades do que teríamos juntos, dos momentos felizes que teríamos se tivessémos deixado à paixão florescer.

Sinto saudades do orgasmo que sentiria se tivéssemos deixado acontecer

Sinto saudades do sentimento de pertencimento que poderia ter me unido a você.

Sinto saudades do que não ocorreu mas que foi sonhado e desejado por nos dois!

Sinto saudades da espera do telefonema que nunca chegaria a ocorrer.

Sinto saudades do frio e arrepio que sentia toda vez que sem querer sua pele tocava na minha, ou num simples aperto de mão ou num beijo no rosto.

Sinto saudades do prazer que sentia só em imaginar ser possuída por você. Das carícias que sentiria ao se tocada por sua mão suave e viril.

Sinto saudades até das desculpas “esfarrapadas” que inventávamos só para ficarmos juntos sozinhos alguns minutos.

Sinto saudades de dormir pensando em você e acordar ansiosa em te encontrar

Sinto saudades até de disfarçar os sentimentos do restante em vão, nossos olhos nos denunciavam, nossos atos nos delatavam.

Sinto saudades de sentir aquele fogo ardente que suplicava para sair da prisão em que se encontrava e prometia enlouquecer-nos.

Sinto saudades do desejo reprimido, contido,interminável.

Sinto saudades de um convite, uma revelação, uma promessa para uma fuga furtiva no fim do expediente.

Sinto saudades do que nunca aconteceria....

Vivemos numa sociedade hipócrita. O nosso caso só daria certo em romances e novelas e ai talvez tivesse final feliz.

Na vida real sabíamos que aquele sentimento mexia com a gente mas, tinha que morrer sufocado,antes do inevitável.

Ele não podia nascer, tinha que ser abortado.

Não podíamos nos amar, não podíamos deixar rolar

Afinal todos sabiam da incompatibilidade que tínhamos. Era você estrangeiro no meu mundo e eu estranho no seu universo.

Áreas longíquas, diferentes,antagônicas...

O nosso caso não resistiria e se tornaria no futuro uma dor de cabeça passageira.

Emoção carnal, física,química,biologia sexual, espiritualidade...

Não era uma equação fácil de resolver. Nem era uma questão de semântica ou síntese, era muito mais que isso.

Havíamos implicitamente decidido a assassinar nosso desejo proibido.

Decisão cruel, é verdade,amar e ser amada e não poder concretizar a volúpia da paixão.

Afinal vivíamos em freqüências diferentes, partidos adversários,espécies distintas, times contrários.

Imagine um nazista se apaixonar por uma judia? Um pastor por uma Mãe de Santo?

È pouco? então imagine feijão com pizza? Acarajé com macarrão? Gato e rato? Cachorro e carteiro? Burgês branco e favelado negro? Policia e Bandido?

Vidas opostas, paixão abortada, caminhos distintos, não combinava!

Não podia acontecer, seria um “Katrina” em nossas vidas, em nossas famílias...

Sinto saudades do verbo no passado perfeito ou no futuro do pretérito,tanto faz.

A única verdade é que pela segunda vez resfriarmos um amor que poderia ter sido perfeito....Poderia se não houvesse no meio do caminho ele: O PRECONCEITO!

Dedico a “A”