Outro Abraço na Solidão.

Dúvidas, incertezas, intensidades, saudades, distanciamento, pertencimento, solidão e muita presença na ausência.

Sem fazer força ou ter obrigações, simplesmente tudo vem sendo construído com sinceridade e maturidade. Esta é a minha relação comigo mesmo: duas coisas extremamente difíceis de serem encontradas, principalmente se estivem combinadas em uma mesma pessoa.

No meu discurso intradiegético – de onde sou também o narratário – quebra-se o padrão de conceitos de tudo: comportamento, conversas, olhares, toques, silêncio. Tudo tão intenso que, por mais que tente explicar, nunca saberei explicar.

É tudo tão meu e tão eu...

Enquanto estou distante de mim mesmo, há outros tentando ocupar o lugar que eles vêm e pensam faltar em mim.

Normal!

Afinal, como me mostrar diante de tantas condições que somente eu posso resolver.

Eles estão tão perto que deixam de ver o óbvio: que basta um abraço e um sorriso sincero!

De tudo que há, o que mais me interessa é a felicidade de quem amo. Seja a felicidade por definição ou por vivência, com ou sem mim. Contanto que seja felicidade, tudo bem!

Depois de anos, decidi me permitir: sou, sento, ouço e deixo fluir sentimentos que nem mais sabia que existiam.

Que viagem para dentro de mim!

De todas as sensações que sinto, há uma que me dói intensamente: a solidão.

O engraçado é que vivo rodeado e ladeado por pessoas e, por vezes, estou no meio delas...

Nunca serei eu mesmo com elas por mais que eu me esforce.

Consigo ser eu mesmo quando estou só e faço isto sem fazer força; hoje tenho intenso prazer em falar todas as minhas verdades a mim mesmo, até as que sei que vão doer.

Penso ser melhor assim já que fui tão vítima de mentiras que aprendi a mentir; menti a mim mesmo e me perdi!

Não tive coragem pra vomitar minhas verdades, mas tive coragem de escondê-las! Que covardia!

Hoje, exponho minhas vísceras e sigo me encontrando nas verdades que carrego e exponho pra quem quiser enxergar e ver.

Ah, não gostou? Siga seu caminho com as suas verdades e deixe que eu cuido das minhas. Melhor dizer isto e ser educado a fazer o que geralmente fazem mandando pessoas lá pr'aquele cantinho. (sarcasmo mordaz).

É. A solidão me persegue há anos...

Venho me esquivando e, aqui e ali, esbarro com ela e chego a abraça-la. Logo me despeço e volto a seguir meu caminho. Mas, nestes últimos anos, ela veio como chuva forte que quis ficar. Pelo menos estou lavando minhas mazelas.

Há esperança de que eu possa sorrir se pelo menos outros estiverem sorrindo. Posso afirmar com maturidade, serenidade, sinceridade e transparência com todas as definições que houver: Amo! Amo a mim mesmo!

Se isto assusta, tudo bem! Esta é a minha verdade. Que seja eterno o meu amor. Pelo menos durmo pensando que há alguém que me ama, mesmo que seja quem eu olho no espelho.

Outro dia, o espelho me disse: um brinde ao futuro e ao que ele separa pra você. Hoje, eu brindo você.

Não entendi.

Ignorei e segui minha rotina.

O que me resta é esperar para que haja leveza e força para abraçar todas as responsabilidades que tenho.

Minha vida se resume a tudo que preciso arrumar nas mudanças que se fazem necessárias.

Voltei ao espelho e disse: Porra! Mudar dá um trabalhão, não é?

Esperei a resposta que não veio...

Bem. É isto. Vou aproveitar pra arrumar tudo que tiver que ser arrumado e juro que vou tentar me divertir com este processo.

Enquanto arrumo (ou tento arrumar) tudo, sinto solidão, tristeza, incompletude.

Dizem que as grandes obras de arte foram pensadas e realizadas na solidão!

Vou descobrir quando tudo passar e acabar.

E vai passar! Logo, tudo passa! Até uva passa!

Desculpe-me!

Preciso ir.

Vou ali dar outro abraço na solidão.

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 02/07/2022
Código do texto: T7550619
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