A TORMENTA DO AMOR.
-20/12/07 –
Nos caminhos do Bonja.
O Pablo Neruda que me perdoe, pois foi ele que assim me ensinou a falar dessa tormenta de amor, que agora estou sentido pela minha amada.
Eu sempre quis me refugiar no anoitecido pais dos seus lindos olhos verdes.
E neles pousar as forças obscuras que me possuíam, também desejava aquietar os tumultuados murmúrios e os impulsos que, como águas perdidas e sem destino me invadiam e me desesperava o coração..
Escolhia as noites tranqüilas e serenas para te falar dessas coisas, as noites puras nos caminhos do Bonja, mas sempre acabávamos nos beijando e nos desesperando em doces amores sublimados e comungados.
E depois nos silenciávamos a sós, num povoado pobre longe de todas as vozes, para que eles não pressentissem os ecos e os suspiros do nosso amor que fora santamente praticado.
Amávamos fixar os nossos olhos juntos numa estrela de vigia sobre uma montanha ou, nos beijar perdida e longamente sob as altas e numerosas árvores do nosso caminho de amor.
Meus dedos trêmulos satisfaziam e trabalhavam em silencio a tua última soberania, que palpitava com o seu púbis depilado como uma face e que me era docemente oferecido.
E assim era provocado um fogo silencioso que ardia as tuas carnes em prazer, e a tua mão dava um ritmo desbragado à minha mão que, já cansada no exercício do amor, era conduzida pelas tuas famintas, vibrantes e fogosas em busca do santo orgasmo.
Embevecidos nesse clima de completa sedução, bebíamos a ânfora de paixão numa taça infinita de sede.
Mas um grande vento precipitou as nossas palavras ainda balbuciadas, adejando como um pássaro sinistro e noturno sobre os nossos corpos exangues e enamorados.
Dessas palavras nós fugíamos como fogem os pássaros quando pressentem incêndio nas matas.
Agora, demasiadamente tarde, a nostalgia continua incendiando o meu coração de amor por ti, lembrando as coisas belas que senti em teu corpo, mas não quero fugir dele como os pássaros fugiam do incêndio.