MAIS UMA PARTIDA.

        - 30-12-2007 -

 

Que saudades Luzbel!

 

 

 

Quando tu partes, assim como tu partiste ontem, eu agora te confesso que o meu coração também se partiu.

Todas as dores do corpo são compreensíveis, pois são violências cometidas contra a nossa natureza material, mas a dor da saudade que é sentida num lugar abstrato dói tanto ou mais do que uma crise renal.

Por que será?

Eu acho que é a partida, esse afastamento temporário, que  separa dois corações que se amam, não para sempre, isso seria impossível.

Mas os espíritos se partem, se afastam, porque eles só compreendem a felicidade quando estão pertos e juntinhos, deixando assim, transferir os seus fluidos de um para o outro e vice e versa.

Eu de minha parte, confesso-te que sinto saudades dos teus lindos olhos verdes, esses olhos me olhando cheios de promessas e felicidades que mergulham até ao imo da minha alma.

Sinto também falta dos teus beijos cálidos e espontâneos, por isso, me sinto órfão também dos teus toques tão leves, tão maliciosos e lindamente tão gostosos.

Sinto uma dor inexplicável provocada pela falta da proximidade do teu corpo, tão voluptuoso e tão desbragadamente impudico e desejável.

Ah as tuas mãos!  Como elas me acariciavam e, naqueles momentos, eu me sentia perdido de amores entre elas.

Agora quero falar das minhas mãos, porque elas conheciam todos os caminhos do teu corpo, até os lugares santos os mais íntimos possíveis, e tu, simplesmente  adoravas as furtivas carícias perigosamente realizadas até nas auto-estradas.

E agora?

O que faço com as minhas mãos que permanecem desertas de ti, dos teus lábios, das tuas faces, dos teus cabelos, da tua intimidade última e das tuas próprias mãos?

Eu sei que tu voltarás em breve, pois pressinto que já estás sentindo saudades de mim e das minhas desbragadas mãos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 01/01/2008
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