Quantas vezes
tudo em mim é um canto ao nada,
levo meu pensamento em partitura vazia,
notas glissantes se desfazem mudas,
apenas o longínquo eco de minh'alma se expande
através do espaço profundo e quase inaudível,
a inspiração procura talvez, um contraponto,
mas perde-se em segundos, volatizada pela
aragem soprada pelo desespero da incerteza

A melodia demora a renascer, precisa sair das cinzas,
vibrar novamente como sons etéreos de anjos,
pequenas aves voam baixo me acordando da nostalgia,
há muita vida lá fora, o azul do céu é o mesmo,
a brisa arrefece o calor, suspiram flores,
nuvens bailam a êsmo arrastando figuras engraçadas

Dentro de mim adormeci lentamente, encolhi vontades
precisando de um tempo para equilibrar meu compasso,
afastei de mim a felicidade por não saber reconhecê-la,
pausei as batidas do coração, agora estão em "pianíssimo",
não as deixo sair do "molto lento"
e sem direito ao "retornalle"
são apenas leves suspiros para continuar vivendo
no dia a dia,
apenas em compasso de espera...

02/01/08  - Marilda

Que não se confunda o autor e seu personagem, fruto da fantasia em alguns momentos.