MULHER MINHA QUE AMO

 

 

 

Turíbulo incandescente.

 

 

 

(Com o Espírito de P. Neruda)

 

 

 

A mulher que eu amo, cabe candidamente em minhas mãos.

Ela é branca e loira e, em minhas mãos, eu a levaria como uma cesta de amoras do campo.

Essa mulher cabe em meus olhos, pois os meus olhares a envolvem, esses meus olhares que nada vêem quando a envolvem.

Essa mulher cabe em meus desejos, ela está sempre desnuda e contida sob a anelante labareda da minha vida.

E o meu desejo a queima, como uma brasa deitada no meu turíbulo incandescente de desejos.

Porém, mulher minha que amo, as minhas mãos, os meus olhos e os meus desejos, sempre guardaram inteiros para ti as suas carícias.

Porque só tu, mulher minha que amo, só tu cabes em meu coração.

Por ti e para ti, ó mulher minha que amo, eu te ofereço um jardim recém florescido, para que ele deixe exalar os perfumes embriagantes neste verão.

Jamais esquecerei esse teu rosto sem igual, recordo sempre as tuas mãos e os teus espontâneos sorrisos, agora só imagino e lembro como beijavam os teus lábios.

Por ti, eu amo caminhar pelas veredas do Bonja, entre as árvores, essas verdadeiras estátuas verdes adormecidas que, certa noite, foram testemunhas do nosso amor.

Jamais esquecerei a tua voz, a tua voz alegre esparramando alegria e simpatia por onde tu passas.

Jamais esquecerei os teus olhos verdes que, como uma recém nascida flor me atou ao seu perfume, e agora, a tua lembrança imprecisa e persistente me persegue.

A saudade de ti me toca como se fosse uma dor não localizada, mas se não mais me tocares com essa dor, eu estarei irremediavelmente perdido.

As tuas carícias sempre me têm envolvido, assim como as heras envolvem as velhas taipas solitárias e perdidas nos campos.

Eu jamais me esquecerei do teu amor, porque ensimesmo e calado, ando pelas ruas e te adivinho atrás de todas as janelas.

Por ti me doem os doidos ventos deste verão, mas por ti volto a espreitar o futuro.

Os meus desejos de ti são iguais as estrelas, que caem e se precipitam atrás das montanhas do Bonja.

Eu tenho tantas saudades de ti que, invejo os casais que passam a minha frente nesta praia entrelaçados, deliciosamente em arrulhos de amor, eu quisera tanto repetir esse gesto amoroso contigo e não me sentir preterido.

Gostaria tanto de te envolver em meus braços, como se tu fosse os louros da vitória da conquista e do coração.

Minha querida mulher preocupada e distante, não assuma as dores do mundo, porque por isso e por muito mais coisas, eu estou inclinado a permanecer os meus dias que hão de vir em teus braços.

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 17/02/2008
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