AH, ESTES MEUS OLHOS...

 

 

Há dias em que eu ando querendo que os meus olhos fossem duros e frios, e que ferissem profundamente os olhos alheios desses miseráveis ateus.

Entretanto, eu tenho a impressão que eles não expressam os meus verdadeiros desejos e nem o real sentido dos meus sonhos, pois imagino serem eles vazios.

Ah, meu Deus!

Agora eu já não sei, se tudo se resume numa inócua esperança ou uma blandiciosa ilusão.

Eu suponho e tudo me sugere que isso seja talvez, indecifrável a todos os profanos.

Mas digam-me:

O que será esta vida?

Seria só esperança, ilusão ou suave e impalpável sonho, incapaz de ver e sentir os pesares humanos ou, quem sabe, a doce alegria do ilusório viver.

Ah, estes meus olhos já viram de tudo!

Mesmo assim, estes meus olhos continuam calmos e tristes, não que eu os deseje assim, mas também quero acreditar que não deveriam ser assim.

Na verdade, hoje eu descobri que estes meus olhos é a minha alma que os veste e, para a minha maior desventura, assim ela os faz ver.

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 06/03/2008
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