VENTANIA INCONSEQUENTE (III)

 

 

Janeiro do ano 2000

 

 

 

(Eu confesso que, como um pássaro, ela sobrevoa todos os meus dias implorando um carinho, nesses instantes, eu penso que poderia satisfazer todos os seus desejos.)

 

 

O convencimento.

 

 

 

Ela é sonho fulgurante e a sua meiguice me desequilibra totalmente, e assim, eu fico com a alma inquieta e contenho todos os meus desejos.

Eu confesso que, como um pássaro, ela sobrevoa todos os meus dias implorando um carinho, nesses instantes, eu penso que poderia satisfazer todos os seus desejos.

Todavia, eu a quero!

Como, eu a quero!

Nas noites solitárias em que normalmente eu me encontro, ensimesmado a vejo em minhas imaginações, e os seus olhos me expiam como se fossem estrelas dentro dessa mesma noite.

Na verdade, eu sinto um misto de saudade e de dor, confesso que algo estranho está se processando em mim e, se esse latejar na alma for amor, eu acho que estou amando-a em silêncio.

Eu sei tudo a respeito dela e ela pouco sabe de mim, no entanto, parecemos dois velhos andarilhos que se buscam há muito tempo nas veredas da vida, e que sincronicamente se encontram, mas há algo entre nós que parece querer obstaculizar o encontro de fato.

A todo o instante ela me rodeia, estamos juntos boa parte dos dias da semana, eu sinto que tange em mim uma sensação de coisa nova, e esse bem estar é totalmente indescritível, pois a intensidade desse envolvimento eu confesso que nunca o vivi.

Quando ela me conta como foi o seu fim-de-semana, eu experimento um desconforto por não ter podido compartilhar do seu laser, a bem da verdade, eu sinto algo como se fosse ciúmes, se é que assim eu posso chamá-lo.

Dos seus sonhos e dos seus dias eu quero fazer parte, e isso já está se transformando numa obstinação, e penso que até já faça parte da sua vida, entretanto não consigo me identificar com segurança em suas enigmáticas declarações.

Penso que seriam os seus cuidados.

Ela é simplesmente maravilhosa, uma alma gêmea e cativante que gostaria fosse algemada à minha, mas ao mesmo tempo, eu penso que essa algema possa se transformar numa união desarmônica.

Eis de novo o meu temor!

Mesmo assim, eu tenho escrito vários poemas com o objetivo de fazer-lhe saber que estou percebendo o seu envolvimento, contudo, eu acho que ela fica apenas envaidecida por saber-se musa e que de fato somente gosta do que lhe escrevo.

Calada, talvez ela consinta!

Pretendo ser mais claro e incisivo no que lhe escrevo, mas tenho receio que ela descubra o meu real envolvimento e fique sabendo o quanto a pressinto.

Dela, me basta apenas um olhar e já me sinto feliz.

Seus olhos são mágicos, e eles contêm um estrabismo que a deixa mais linda ainda.

A sua boca é pequena e sedutora e nela graciosamente reside o meu mundo de sonhos, hei de um dia beijá-la, enquanto isso eu a beijo todas as noites nos meus sonhos.

Como a pressinto em meus sonhos1

Acredito que os meus sonhos não sejam falsos, tendo em vista que eles se revestem de uma realidade muito atual.

Se a pressinto e sonho, eu acredito que não pode ser uma ilusão ou uma platonice exagerada, pois esse envolvimento é genuíno e de bons fluidos, trazendo consigo uma força magnetizante que só faz bem.

Envolvo-me com os seus olhos e, quando esses olhares me envolvem, de pronto me transmitem uma paz e um carinho indizível.

Infelizmente, quando tudo parecia pronto ao envolvimento de fato, ela misteriosamente desaparece assim como apareceu.

O seu anagrama é “aniger”.

Confesso que aniger me deixou muitas saudades, por isso essas recordações são como as gaivotas que sempre voltam para bicar as minhas emoções.

Entretanto eu gostaria que fosse doutra forma, mas infelizmente não será assim, por isso eu navegarei em lembranças os seus lindos olhos amanhã e sempre até morrer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 06/04/2008
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