A VELA E A VIDA

Os mais profundos ensinamentos são encontrados nas coisas mais simples da existência humana. A analogia entre a vela e a vida é um exemplo.

Quando acendemos uma vela percebemos que ela emite, como pequena faísca, uma centelha que cresce e transforma-se, pouco a pouco, numa radiosa luz. Assim, quando nasce uma nova vida, tal qual a vela, ela cresce e transforma-se num belo ser.

A vela, quanto mais o tempo passa, mais luz irradia, pois a sua grande finalidade é iluminar e isto o faz transmitindo mais um ensinamento: a vela se consome ardendo para dar luz aos outros.

A vida, quanto mais o tempo passa, nos ensina que a grande virtude do ser é servir e amar ao próximo, mesmo que para isso, seja necessário trilhar um caminho de extremos sacrifícios, assim como a vela. .

A vela queima o pavio e nele se depositam murrões que de nada servem. Para a vela voltar a iluminar em sua plenitude é preciso removê-Ios. A vida também cria imperfeições que, quando descobertas, devem ser dissipadas para que tudo volte à normalidade e se realize de acordo com os virtuosos caminhos desejados.

A vela acesa deixa escorrer por suas bordas os pingos de sebo do seu derretido sacrifício. Imitando a vida que faz escorrer pelas faces humanas as lágrimas dos dissabores.

A vela é muito frágil com sua chama, pois basta um sopro do vento para que ela se apague, mesmo que seja antes de consumir-se totalmente. A vida também é assim. Basta um momento de fragilidade e ela se esvai, antes mesmo de ter realizado sua plena caminhada.

A vela, quando consegue consumir-se até o fim, deixa no ar o cheiro de seu pavio queimado como lembrança de sua passagem pela vida, enquanto isso, a vida deixa na existência humana a lembrança das suas virtudes como o bálsamo perfumado do dever cumprido.

Do livro "Crônicas, Contos e Poesias" editado em 2007 pela Editora e Gráfica Universitária da UFPel. Lançado na 35ª Feira do Livro de Pelotas/Rs.