O sertanejo e a velha cacimba

Ao entardecer a beira da cacimba

Ele está de pé no chão rachado

As nuvens que correm no céu rajado

Dão cambalhotas como o boi bumba.

No fundo da cacimba só um palmo

De água barrenta, amarelada e salobra,

Não reflete o rosto enrugado e calmo

O pensamento a vagar e mágoas de sobra.

Agora escurece e o coaxar da jia

O faz sussurrar a uma breve oração

A Santa Bárbara, que lhe alivia

Nessas horas de grande aflição.

E macambúzio na boca da velha cacimba

Sente estremecer distante a trovoada

Com as nuvens no céu agora carregadas

Pra fazer transbordar a velha cacimba.

Fernando Alencar

03/10/2009 * do 6° livro

Fernando Alencar
Enviado por Fernando Alencar em 20/10/2022
Reeditado em 21/10/2022
Código do texto: T7632177
Classificação de conteúdo: seguro