O TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA

O TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA*

José Jorge Souza**

O mundo contemporâneo alicerçado nos moldes da globalização prevê valorizar os aparatos tecnológicos desprezando a mão-de-obra e reduzindo os seres humanos ao segundo plano do desenvolvimento mercantil.

A estrutura mundial globalizada desvirtuou os princípios humanitários para garantir o avanço do capital, que reflete os vultos da escravatura e perpetua invisivelmente nas sociedades. Uma forma escravocrata está na imposição da construção de uma “massa descartável” incapaz de reconhecer seu condicionamento às especulações do consumismo e, inescrupulosamente, fomentam à destruição da natureza para suprir o seu desejo de aquisição da novidade tecnológica.

Por outro lado, de forma vergonhosa, os “produtores da inovação” fortalece seu projeto lucrativo através da extração criminosa da matéria-prima utilizando-se de pessoas desestimuladas de perspectivas escravizando-as na rotina criminal contra o ambiente natural no sentido de garantir o lucro de uma produção que terá a finalidade de satisfazer os anseios da população consumista.

A opção desenfreada dos setores produtivos à destruição do meio ambiente instaurou uma crise no sistema capitalista, obrigando-o recuar e repensar novas estratégias para o seu reerguimento. Contudo, é perceptível a vantagem singular expressa no novo modelo de sobrevivência, que paulatinamente, será desenvolvido, onde as pessoas serão “senhoras de si” e o trabalho será consolidado tendo em vista a preocupação com a qualidade de vida e preservação dos recursos naturais.

Diante de tamanha injustiça social compete, sobretudo, aos Poderes Públicos em todas as esferas, repensar seu planejamento e implementar ações que favoreça a emancipação econômica do povo visando a redução do índice de desigualdade social, principalmente, a partir da valorização das diversas culturas que dá essência a identidade humana, onde os trabalhadores poderão adquirir condições para sobreviver do seu trabalho artesanal, por exemplo. Outra saída está na adoção de medidas urgentes para a reforma da política agrária visando a garantia da sustentabilidade do camponês que retornará para os territórios rurais e viverá com dignidade.

Daí, torna-se emergente a inclusão de todos os povos minoritários num modelo digno de sociedade, onde o mercado, sobretudo informal, seja apenas uma forma de sobrevivência, mas não substitua o ser humano, resultando na transformação social num espaço de justiça.

* Redação apresentada na Prova do ENEM 2010.

** Educador Popular, co-fundador do Ponto de Cultura ACAPEB, Missionário Trinitário, militante do PT e de movimentos sociais do campo e da periferia, concorrente do ENEM 2010.