A MAIORIDADE MENOR DA GERAÇÃO ZERO ZERO E A INCLUSÃO DE KARINA HEID NESSA GERAÇÃO.

A MAIORIDADE MENOR DA GERAÇÃO ZERO ZERO E A INCLUSÃO DE KARINA HEID NESSA GERAÇÃO.

Sou um homem do século XX sem a maioridade do século XXI, que ao que parece cronologicamente pode até acontecer, mas mentalmente está longe de se sonhar sem sonho de longo alcance para sonhar. E a geração Zero Zero, que é como se chama a dos romancistas deste século agora também está com dezoito anos, já pode ir ao cinema e entrar sem mostrar carteirinha, mas ainda não completou vinte e um anos nem se sabe quem é parte dela que vai envelhecer ou se imortalizar, dos bons romances que li destaco os de Ana Paula Maia, a romancista negra que reputo o maior acontecimento do romance em nosso século até agora, entre os grandes romances capixabas O capitão do fim, de Luiz Guilherme Santos, é o máximo, ao lado de A capitoa de Bernadette Lyra, romance em prosa contemporânea de uma autora veterana, com fabulações sobre a vida da mulher desde o tempo histórico do romance ainda hoje feita por transgressões por só assim se fazer a heroína, mulher! Romancista capixaba também de primeira plana é a escriba psicóloga Karina Heid, com o seu livro A última peça, de excelente composição, onde a história de amor nos remete a arquétipos, mas que estabelece antes de tudo o caráter e a personalidade ímpares da dupla ( um homem e uma mulher) que reencontram entre o que é necessário recordar e o que foi inesquecível, como é o romance dessa autora-mulher, de incrível feminilidade na forma de escrever, uma mulher que escreve como mulher com toda intensa sutileza que as mulheres possuem, as vezes sutilezas de unhas bem feitas a abrir feridas ou expressar com o corpo o que a palavra pode e é capaz de dizer ao sair para passear em quem sabe traçar a rota do passeio com linhas cheias de surpresas e bem escritas ao gosto da surpresa e do espanto, prosa de excelentes intuições, que sem fosforilação cintila e ao cintilar brilha nos neurônios de quem pensa o texto, maravilhoso texto, imperdível, onde ao fim todos os leitores qualificados morrerão de amores pela obra da autora Karina Heid, um nome de quem queremos e esperamos mais. Mas faltam ainda três anos para a geração Zero Zero completar vinte e um anos, a qualquer hora falaremos sobre poesia, importou agora a boa prosa. A boa prosa como no fabuloso romance Flores azuis de Carola Saavedra, ou em seu romance Paisagem para dromedário, um romance ensaio sobre reações triangulares e ética compassiva ao mesmo tempo. Não mantem a mesma pungência nos romances Toda terça, mas resgata a personagem feminina em contato com o mundo a partir a ótica das coisas saudosas que não viveu, mas sente falta, romance de escrita simples, Carola Saavedra foi a escritora que mais falou ternamente do homem no que possa interessar a uma mulher. No ano dois mil e vinte e um, esperamos estar aqui para escrever mais sobre a maioridade desse século ao que parece o mais autodestrutivo de qualquer consciência coletiva que pudesse ser o beneplácito augúrio de um tempo alvissareiro. Que ao menos os romancistas continuem a retratar o mundo com a competência que alguns são capazes de usar e abusar.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 06/01/2018
Código do texto: T6218569
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