Hachiko: A Dog's Story - Sempre ao seu lado

Não gosto de animais domésticos em apartamento, acho um convívio promíscuo, e não muito saudável em todos os sentidos, mas hoje em dia a maioria das crianças e adolescente só terá contato com o mundo animal se domesticar algum. Ir ao zoológico é outra opção, mas lá, nem todos animais são domesticáveis além de estarem sob muros ou atrás de grades, numa outra forma de prisão porém mais arejada que num apartamento.

Televisão sempre passa documentários sobre animais, mas não é a mesma coisa que um filme - e Camelos também choram que tenho o dvd em casa é um outro bom exemplo sobre a dignidade animal.

No meu tempo de menino a maioria dos gatos eram de rua. Em 1970 estava com 16 anos. Matavam-se gatos para fazer churrasco.

Eventualmente, esses felinos eram envenenados por matarem outros animais domésticos como porquinhos da índia ou ratinhos brancos. Uma vez levei um gato preto morto para dentro de casa. Não era uma tradição da família ter animais domésticos. Gato preto era símbolo de azar se passasse em nossa frente. Minha mãe entrou em pânico. Esses felinos eram vistos com frequência em filmes de terror.

Quanto a cachorros, já os tive em apartamento mas hoje não tenho mais. O único que amei foi um dálmata que tive quando morei numa casa. Era na Bahia, Salvador, o nome dele era Príncipe. Morava em Monte Serrat, onde há um farol e um belo pôr-do-sol. Os passeios até hoje são inesquecíveis.

Já fui atacado por um pastor alemão, chegava à casa de meu avó Fortunato, e Duque derrubou-me ao chão com suas patas e rosnou na minha cara. Chamei-o pelo nome. Acalmou-se. Era um cão amigo dos amigos do dono.

Li outro dia que a indústria de produção de alimentos para animais domésticos aumenta também o efeito estufa. Sei que os militantes da causa animal já sabem que não somos inocentes quanto a qualquer matança que haja. Embora exista a eutanásia para cavalos irrecuperáveis, cães e quejandos ( quejandos não é um animal). Fato que muito me sensibiliza, pois isso em muitos casos seria humanizador.

Ainda bem que os conselhos regionais de medicina já permitem a distanásia - que é a interrupção dos tratamentos em pacientes fora de possibbilidade terapêutica.

Hoje tenho dois gatos dentro de casa (apto) porque sou voto vencido, alimento-os e livro-me de seus dejetos, sou a favor dos males o menor. Há quem goste mais de gatos que de cães. Paulo Francis por exemplo gostava mais de gatos por serem animais mais independentes, oras Francis, não trema na tumba, mas os gatos há muito não vivem da caça aos ratos e vivem às vezes em quitinetes.

Rubem Fonseca escreveu numa de suas crônicas do site Portal Literal que também prefere gatos a cães.

Fui um menino de engenho temporão. Sim, nos primórdios da vida lidei com cavalos e gado na fazenda de meu avô. Lá tinha um engenho de cana de acúçar com sua grande moenda movida a água. Os cães ficavam no terreiro. Os que ainda existem por lá com os descendentes ainda teem essa liberdade.

Mas chega de digressão!

O filme do título da resenha é comovente. Não sei se foi lá no Japão que surgiu o que chamam de lealdade canina. Mas Hachi o cão do filme é o proto-mártir dessa lealdade. A história é baseada em fato real. Como ser humano senti minha mesquinhes quanto ao que é lealdade. O filme é uma lição de vida. Comove até quem como eu tem restrições ao convívio com animais em espaços inapropriados e que os privam da liberdade de ir e vir. Liberdade que o cão Hachi conquistou para comover o mundo.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 01/01/2010
Código do texto: T2006431
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