Zorba, o grego

Roteiro poético do filme Zorba, o grego, dirigido por Michael Cacoyannis baseado no romance homônimo de Nikos kazantzakis.
(aos atores Anthony Quinn, Alan Bates e Irene Pappás e Líla Kedrova)

Herdeiro de uma mina de linhita,
jovem homem inglês de ascentralidade grega,
com laivos de escritor em crise criativa
vai tentar recompor-se indo à Creta.

Leva bau de livros na bagagem,
é tímido incapaz de uma canção,
do mar sente o sal da amarugem,
mergulhado que está em introspecção.

À espera do navio que o levará
a uma odisséia de voltar as origens, não à Ìtaca,
está com pensamento a Deus dará,
mas da tripulação um grego se destaca.

É Zorba que espalha o caos por onde passa,
enquanto o britânico tem apenas fleugma,
sem nunca ter caçado nem ter sido caça,
sem nunca ter sido amado em sua calma;

mas leva à Creta a fortuna da herança
e quer reativar a mina de linhita;
Zorba se oferece com toda sua pujança
a acompanhar Basil nessa infinita

jornada, que há-de atravessar o tempo,
por ser inolvidável toda ode à vida,
por ser a obra prima posta em película
passada em preto e branco, que em sonho contemplo.

Basil se chama o jovem, e Zorba, experiente,
precisa de emprego até de cozinheiro,
mas, ao saber de todo expediente,
informa ao inglesinho que já foi mineiro.

No rural vilarejo onde fica a mina,
hospedam-se no Ritz, modesta pensão,
onde madame Hortense, devido a má sina,
é mulher escarmentada por desilusão.

Sonha com marinheiro que abandonada
deixou-a sem amor, afeto companheiro;
somente por Zorba será ainda amada,
até que feliz dê suspiro derradeiro.

Mas há uma viúva no tal vilarejo
que a todos moradores evita com asco,
embora em todos eles desperte desejo
preferiria atirar-se de um penhasco.

“A mulher da janela” como é chamada,
guarda em si olhos negros de mistério,
veste-se em negrume de um luto histéril,
guarda sua beleza sob a costa arcada,

sob estímulo de Zorba,  Basil vai à casa
de quem abre-lhe a porta ao invés da janela
para mostrar-se amorosa quanto bela,
altiva, alegre, sensual, não mais arcada.

Numa adega Zorba, então dança, e copos
são quebrados, conforme o folclore grego;
mas não longe dali morto cai um corpo
ceifado em suicídio, devido ao desprezo

que a mulher da janela sempre dispensara
ao jovem apaixonado, quase imberbe,
que antes de qualquer coisa a desejara.
Raivosa a multidão em ira ferve!...

A herança de Basil afundada na mina,
agora é chama nova em sua consciência
de ter vivido doce aventura finda
em tragédia, morte, horror, violência.

Madame Hortense adoecida morre,
compadecido Zorba, antes casa com ela;
mas chega outra má hora e a mulher da janela,
pelas ruas, apedrejada corre...

Cercada pelo povo burro ensandecido,
sangrada está prestes a ser por vil facada,
mas Zorba tira a faca do assassino,
sem conseguir evitar uma outra facada

do pai do suicida tambem a espreita.
Basil se desespera, Zorba o consola;
enquanto a mulher da janela ele estreita
num último abraço, antes de ir embora.

- Hei de morrer de pé, lhe diz o amigo Zorba.
- De pé agora estou, responde-lhe Basil.
- De mim a alegria ninguém rouba.
Ambos estão felizes na vida nada fácil.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 16/09/2010
Reeditado em 15/08/2011
Código do texto: T2501809
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