DE POESIA E POETAS

O título da resenha é o mesmo que o do livro de T.S. Eliot (Thomas Stearns Eliot), morto em Londres em 1965. Eliot organizou seu livro em duas partes, na primeira de sete capítulos fala DE POESIA e na segunda de nove capítulos escreve ensaios sobre nove poetas desde Virgílio a Yeats.

Li o livro após ter feito a leitura de um outro de autoria de Ítalo Moricone, qual seja, COMO E POR QUER LER A POESIA BRASILEIRA DO SÉRCULO XX.

Ao falar de poesia, Eliot nos ensina a distinguir o que é um poeta maior e um poeta menor, este último o que publica apenas em antologia. Sendo o poeta maior aquele que representa seu povo, ainda que seja apenas por uma época. Como Shakespeare, Dante e Goethe representaram as suas, tornando-se não só poetas europeus como também do mundo, como também o é Carlos Drummond de Andrade.

Para Eliot um clássico, por excelência, é aquele que mais que um país representa o mundo, sendo assim, em sua opinião, o maior clássico de todos os tempos é A ENEIDA de Virgílio, pois é livro criado numa circunstância que não mais se repetirá na história, isto é, a época do Império Romano, desde a de Roma até à conquista pelos romanos do Velho Mundo. Hoje, nem mesmo os Estados Unidos da América conseguiria tal façanha, mercê o fato de quer tanto ele como a Inglaterra destroem as culturas dos países que, eventualmente, manteem sob jugo, enquanto Roma as incorporava.

Como poeta, Eliot entende a crítica literária exercida por poetas como “oficina crítica”, no que tem toda razão.

Escreve ainda sobre as três vozes da poesia; a saber: a voz do poeta que fala consigo mesmo, a voz do poeta ao dirigir-se a uma platéia, seja grande ou pequena era voz do poeta quando tenta criar uma personagem dramática que fala em verso, quando está dizendo, não o que diria à sua própria pessoa, mas apenas o que pode dizer uma personagem imaginária que se dirige a uma outra personagem imaginária.

Dos nove capítulos em que Eliot escreve sobre poetas, destaco o que escreve sobre John Milton, pois o coloca no mesmo patamar de importância de Mallarmé, como inovador da linguagem poética. De Milton adquiri a edição bilíngüe do livro POEMATA, pois, como leitor de Mallarmé, hei de formar opinião própria.

Quanto ao livro de Ítalo Moricone, basta citar alguns capítulos; tais como: Como e por que ler poesia, O século modernista, Grandes livros, Alta poesia (no qual relaciona os livros de poesia que julga serem os mais importantes do século XX), O pop e após, Vanguarda Concreta, Pós-modernismo e fim de século.

Os livros de Eliot e Ítalo Moricone teem muitos pontos em comum. Uma das curiosidades do pensamento crítico do professor da Universidade do Estado do rio de Janeiro é que classifica Manuel Bandeira não como poeta maior, como a maior parte dos seus colegas de academia o faz, mas sim como poeta essencial, mas para entender suas razões para pensar sobre Manuel Bandeira assim, só mesmo lendo seu livro, ou de preferência o dos dois autores em tela.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 21/04/2009
Código do texto: T1552243
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