Diante da dor dos outros - Susan Sontag

O livro a comentar é um ensaio da percepção da sociedade sobre o que é dor mais do que sobre o que é dor propriamente dita, isto é, trata da captação fotográfica de momentos históricos dolorosos, sem deixar de usar também a referência de quadros de artistas como Goya e Picasso, este último autor de Guernica e o primeiro de uma série de quadros sobre guerras da Espanha.

A essência do livro eu já conhecia. A censura de guerra que impossibilita os fotógrafos de guerra de atuarem não impede hoje que sejam feitas fotos dramáticas como as de Abu Grhaib, por meio de uso de celulares, ou mesmo a filmagem da morte de Sadam Husseim, mas isso não está no livro de Susan Sontag, publicado pela Editora Companhia das Letras.

Mas a leitura não me decepcionou. Certo momento, a autora confessa " Somos todos, com exceção dos médicos, voyers diante da dor". Logo depois fala da banalização das imagens de violência na televisão. Mais voyerismo e sentimento de impotência.

De fato, os médicos dentro dos hospitais e clínicas atuam para eliminar ou minorar a dor, seja psicogênica ou orgânica.

Entretanto, para quem nunca pensou sobre o tema é bom ler o livro de Susan Sontag, como preâmbulo de mergulho mais profundos em tema tão vasto.

No Brasil, um médico com formação em psiquiatria social em Londres escreveu um livro para também médicos entitulado Dor, seu nome Adail Ivan de Lemos, mas ainda não li, embora conheça a competência do autor.

Para leigos há o livro Dor, não me lembro o autor, da coleção Publifolha, que oferece uma boa iniciação sobre o tema, com informações sobre a fisiologia da dor e suas manifestações.

Hoje o médico de Michael Jackson encontra-se em apuros por ter prescrito analgésicos potentes, mas ainda não está provado nada pois todos aguardamos o laudo pericial sobre a causa mortis.

Ficam as considerações acima para que os leitores divaguem lucidamente sobre o tema tão doloroso, mas inevitável de se enfrentar em diversos momentos da existência.