Cem anos de solidão

O realismo Fantástico de Gabriel Garcia Marques tem em Cem Anos de Solidão a magia concentrada. Trata-se uma obra que reside dentro da alma composta por elementos fabricados por uma espécie de oficina da imaginação. Temos a idéia de que guardávamos todos os seus elementos numa região ainda não desvendada de nosso cérebro. Fragmentos ganham vida linear diante do tempo elevado à condição da eternidade, pois nada se lhes move exceto a força da sina de se manterem vivos num cenário arcano. Seus capítulos podem ser chamados de cenas de um novíssimo filme revelado de modo instantâneo e com a força magnética dos sonhos. As cenas mesclam algo de espiritual com imaginário. Lembra também um esotérico erudito que tivesse consumido uma droga e modificado sua percepção do mundo sem perder uma linha interna absolutamente lógica na trama. Era o livro que mudaria o destino de Kafka, caso pudesse ter a consciência latina da fantasia, numa espécie de processo em que temos sobre a miséria humana, uma explosão colorida de encantamentos. Palpável sensação de eternidade sem mágoa por sobre as injustas concepções do mundo mau. Ao Lado de Juan Rulfo (Platero e Eu) Cem Anos de Solidão é extraordinária prosa poética lapidada pela mão dos sonhos conhecida da literatura universal. Gabriel Garcia Márquez foi o seu Deus.

**********************