Cartas ao cão - romance de Tatiana Busto Garcia

Garcia, Tatiana Busto. Cartas ao cão/Tatiana Busto Garcia – São Paulo: Sá Editora, 2009
Livro autografado pela autora, comprado na Bienal do Livro de São Paulo, traz a seguinte dedicatória: Para o colega escritor Fabio Daflon, Lutador da palavra, que em meio a tantos livros desta Bienal conseguiu me encontrar. Muito sucesso pra você! Grande abraço.
Encontrado também nas grandes livrarias, o primeiro romance de Tatiana Busto Garcia (ontem vi um exemplar dele na Livrais Travessa, aqui no Shopping Vitória, Vitória, Espírito Santo). Cartas ao cão é um romance pop que guarda intertextualidade com romances clássicos como Ulisses de James Joyce e A hora da estrela de Clarice Lispector, com este último pelas esparsas citações da rádio relógio, com o primeiro por tratar-se de uma odisséia pós-moderna, na qual a personagem Nola, personagem referência, sem ser exatamente protagonista, congrega a sua volta os demais personagens, como uma agulha que tece um bordado multicolorido para atrair à flor bordada os olhares dos seus leitores.
Livro delicado, expressivo da feminilidade no caos urbano, feminilidade de filha, de irmã, de mulher, de mãe em potência que busca expressão ao tentar ser personalidade referência para as pessoas que ama e as que o destino traz ao convívio. Assim é Nola, mulher rara, observadora e narradora em um livro onde os personagens masculinos são cuidados com carinho, sem criticismo estéril, com liberdade para errar e acertar e serem amados presencialmente ou em saudades.
Romance pop com jeito de enredo de novela, mas no qual a narrativa exige fôlego do autor, porque traz ao seio o sentimento de uma urbe como São Paulo, com seus personagens, suas mercadorias, como pessoas que são sentidas e coisas que tem voz, falam pelos personagens como se aderidas às suas peles.
Enredo que concebe personagens como mártires, cada um ao seu modo, de um calvário particular, mas que os une, antes do final e até ao final do livro, em cada capítulo de uma forma, em cada forma um caráter, em cada caráter uma possibilidade de redenção.
Narrativa complexa e sedutora, com vieses de aparente simplicidade porque fala do cotidiano, da lasanha, da amizade, da vida no senso comum, mas da vida que nunca é senso comum, mesmo no gesto mais simples de anseio pela paz e a rotina, sempre quebrada.
Eis uma escritora que se apresenta ao público leitor com garra e talento. Mais informações sobre o livro e a autora no site http://www.cartasaocao.com.br.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 11/10/2010
Reeditado em 15/08/2011
Código do texto: T2549911
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