Abstêmio
Na taça pus um barco de papel,
Em vinho navegar era meu sonho,
Mas vi um temporal feio e medonho,
Rasgar sob meus olhos mar e céu.
O mar era violento, o céu turvo,
No leme ou timão meu desespero...
Beber diariamente foi meu erro,
Sem ti quebrei os braços, fiquei curvo.
Fui lá nos alcoólicos anônimos,
Andar os doze passos necessários,
E, hoje, sem beber, tenho teus mimos.
Na taça agora verto guaraná,
Meu barco de papel navega em ouro,
O sol que nasce é maracujá.