Coruja

É tarde demais, rente à avenida

O prédio dorme, olho por janela

Coruja numa árvore indevida,

Que tapa e tira o sol e amarela

De mofo a pintura da parede.

É sábia, a coruja é tranqüila.

Enquanto não me basto em minha sede,

Ela olha como bebo a tequila.

Isenta é como vê meu desconchavo,

É sábia e me sente indefeso,

É mãe que já não tenho ao meu lado.

Teimoso, bebo o último dos tragos,

Deitado olho mundo todo vesgo,

Feliz eu adormeço bem amado.

Nota: não sei para mãe de quem eu escrevi esse soneto, pois minha mãe é viva e sou etilista social. Quando escrevi o soneto Abstêmio, teve leitor que veio me dar parabéns por ter parado de beber, se lerem o conto Ethos, eros e tânatos verão que tenho baixo limiar de tolerância ao álcool. Obrigado.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 02/12/2008
Reeditado em 08/01/2010
Código do texto: T1313987
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